quinta-feira, 26 de março de 2015

Reinauguração e Resenha do livro Farenheit 451, de Ray Bradbury

Agora com outra proposta - publicar resenhas de livros e textos autorais - resolvi dar o pontapé inicial com uma história do autor norte-americano Ray Bradbury: Farenheit 451, clássico das distopias. 

Espero que você, leitor, goste da nova formatação do site. Dê suas sugestões, acompanhe as recomendações e faça comentários. O foco é compartilhar experiências de leitura. Um grande abraço!


RESENHA: Farenheit 451, de Ray Bradbury

Imagem da adaptação da obra para os quadrinhos, parceria
entre o ilustrador Tim Hamilton e o próprio Bradbury.

Farenheit 451, romance distópico publicado em 1953, é fruto de uma das mentes mais importantes da ficção científica: o norte-americano Ray Douglas Bradbury. De poucas páginas, dividido em três atos, o livro conta a história de uma sociedade que aboliu os livros e de um homem que descobre o valor das páginas escritas. O título é uma alusão à temperatura em que folhas de papel se incendeiam, o equivalente a 233 graus celsius.

O mundo vive na iminência de uma guerra, e Guy Montag, bombeiro, assim como foram o pai e o avô antes dele, é um sujeito orgulhoso do que faz. Há dez anos seu trabalho é incinerar livros. Sim! Em Farenheit 451 os bombeiros possuem a terrível tarefa de destruir toda e qualquer obra literária, equipados com seus lança-chamas e seus carros incendiários, atuando como uma brigada de repressão. Casado com Mildred, mulher de pouco afeto, alienada e superficial, o protagonista é apenas mais um mantenedor do status quo.

Certa noite, quando retorna para casa após o trabalho, Guy conhece Clarisse McClellan, garota que mora na vizinhança, e que vem de uma família diferente das outras. Após um breve diálogo com a jovem a semente da dúvida brota na cabeça de Montag e a transformação tem início.

Com olhar curioso e questionador, o bombeiro passa a interessar-se pelos livros. Tenta salvá-los das chamas, esconde-os dos olhos das pessoas, decifra as páginas que abre. Então, ao encontrar-se com Faber, ex-professor de inglês que vive recluso, Guy tem os horizontes expandidos. Em um diálogo entre os dois, o autor parece falar através do professor: 
“Precisamos de conhecimento. E talvez em mil anos possamos escolher precipícios menores de onde saltar. Os livros servem para nos lembrar quanto somos estúpidos e tolos. São o guarda pretoriano de César, cochichando enquanto o desfile ruge pela avenida: “Lembre-se, César, tu és mortal”. A maioria de nós não pode sair correndo por aí, falar com todo mundo, conhecer todas as cidades do mundo. Não temos tempo, dinheiro ou tantos amigos assim. As coisas que você está procurando, Montag, estão no mundo, mas a única possibilidade que o sujeito comum terá de ver noventa e nove por cento delas está num livro”. 
Ambos, então, tecem um plano para salvar e divulgar os livros de um mundo cretino que aboliu o deleite literário.

A cada passo Montag torna-se uma ameaça. Em seu encalço, o Capitão Beatty, Chefe dos bombeiros. No controle de um Sabujo Mecânico, robô de oito patas e aparatos letais,  o Capitão mantém a ordem, garantindo que os cidadãos não sejam corrompidos pela literatura, ou mesmo eliminando aqueles que põe em "risco" a sociedade.

Farenheit 451, segundo o próprio Bradbury, é um romance de “centavos”, escrito numa máquina de escrever alugada em uma biblioteca de Universidade, e nasceu primeiramente como um conto, depois vindo a tornar-se novela e, finalmente, um romance breve. Apaixonado por conhecimento e pela literatura, o escritor imaginou um futuro em que as mídias de massa ocuparam todos os momentos de lazer das pessoas, em que os livros foram banidos, em que as relações humanas são superficiais. Critica, claramente, a televisão e a tecnologia, que privam o indivíduo de exercer a escolha e o pensamento crítico. Mildred, a esposa de Montag, é o retrato perfeito do cidadão manipulado pelo sistema midiático.

Agora chega, senão vou acabar dando spoilers!

Cabe informar ao leitor que Farenheit 451 foi transformado em peça de teatro pelo próprio Bradbury, que atualizou e aprofundou a trama, adicionando diálogos e cenas novas. Não somente, o romance foi adaptado ao cinema pelo diretor François Truffaut, em 1966 (e, falando em cinema, Bradbury recebeu o Oscar em 1956 pelo roteiro do filme Moby Dick, dirigido por John Huston).

Para quem deseja maior contato com a obra de Ray Bradbury, falecido em 2012 aos noventa e um anos, fica a recomendação do clássico Crônicas Marcianas, bem como o excelente A cidade inteira dorme, que estão disponíveis em língua portuguesa.

Por enquanto é só. Um grande abraço e até a próxima resenha!

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